segunda-feira, março 28, 2005

 

Rio de Janeiro

Tempo agora para dar apenas início ao relato de algumas memórias. Algumas já estão no meu caderno, outras irei procurar aos confins da minha memória. Digo dar início porque começo a estar atrasado para o nosso jantar de Páscoa em comunidade com os Portugueses (um grupo de pessoas espetaculares; cada personagem).
Escrevi então há umas semanas atrás:
Talvez daqui a uns dias 4 ou 5 dias, quando estiver noutras paragens, tenha ainda mais elogios a fazer(como na verdade aconteceu), mas vou desde já registar alguns. É um comportamento compulsivo! Cidade maravilhosa de facto, o Rio de Janeiro! Nas noticias que deturpam a imagem que temos do Mundo, antes de ousarmos verdadeiramente conhecê-lo, convencem-nos que o Rio, essa cidade perigosa, está impregnado de miséria, doenças e desrespeito pela natureza. Concerteza os factos não são inventados. Mas que miopia ver apenas isso nesta cidade, onde afinal as favelas são apenas bairros pobres dos quais os traficantes se aproveitam, onde afinal existe um grande esforço para combater a sida e para manter a cidade limpa. São problemas associados ao subdesenvolvimento de toda esta zona do Mundo, que acredito serão ultrapassados com a organização que o tempo vai trazer. Esta é uma cidade que resulta da fantasia de Deus, que juntou o melhor que Deu ao Mundo neste espaço. Que importante e suficiente é para mim estar ao lado do infinito do Oceano, da calma e vida que a floresta tropical nos proporciona, da proximidade do céu e de Deus que conseguimos no alto dos morros. A chuva alimento essencial e fonte de vida que cai de repente quando nada deixa prever com uma força de algo que pretende magoar, sendo no entanto incapaz de o fazer. Bendita chuva tropical que quase nos ia estragando a melhor noite, uma vez que pensámos que a Nuth (discoteca), sem tecto estaria fraca, numa noite que acabou por revelar toda a qualidade da noite Carioca (que alegria foi entrara naquele sitio e ver o que vi). E depois claro. Bendito calor e sol tropical. A cidade está erguida sobre as lindas praias de Copacabana, Ipanema (onde ficámos) e barra da Tijuca (mais para os arredores e onde se pratica mais surf). Que oportunidade tão sublime de ser feliz: poder sair de casa directamente para um tapete de areia que nos conduz ao atlântico com toda a alegria que se vive nestas praias . ..
O lado humano da cidade dá-lhe o toque de perfeição de que ela goza. As pessoas são tão simpáticas, próximas, colaboradoras, enfim, irmãs. Claro que a pontualidade e a eficiência é ainda uma miragem. Mas quem sabe não esteja ai, nessa forma descontraída e nada Europeia de encarar a vida, a razão da sua felicidade...Não posso deixar de apontar o seguinte defeito: existe algum oportunismo e os brasileiros chegam mesmo a ser interesseiros. Mas quem não agiu alguma vez na vida em interesse próprio? E depois claro têm um jeito especial para nos tentar dar a volta. Por isso são os reis do Marketing. Facilmente conseguem simpatia.
Não consigo estabelecer então um ranking de cidades do mundo onde as pessoas serão mais felizes. Mas uma coisa tenho a certeza, fui feliz e voltaria a ser feliz no Rio...

 

Perto do regresso

Estou de volta a estas andanças da escrita pelas quais resolvi enveredar recentemente. O regresso a Portugal está para breve, mas a vontade de escrever no Blog e acima de tudo de viajar continuam de pé. Resta saber que tipo de «voos» tenho pela frente.
Na minha já longa estadia em Florianópolis o tempo não tem sido maioritáriamente bom tendo o sol dado por vezes lugar a dias de nuvens e chuva. Felizmente o vento pôde ser aproveitado para umas tardes inesquecíveis de Wind surf na lagoa da conceição. Bom e hoje, o primeiro domingo de páscoa que passo longe da minha família, a sorte não esteve do nosso lado. Nesta constante alternância entre Sol tropical e nuvens de clima temperado e húmido (que o vento de Sul carrega), calhou-nos a segunda. Enquanto os meus 6 companheiros de casa (talvez não todos), vão começando a fazer as compras para o nosso jantar de Páscoa, na nossa casa, onde sempre reunimos (hoje seremos 19) a comunidade de estudantes Portugueses em Floripa, aproveito para me alongar um pouco mais neste que tem sido o meu ponto de encontro com família e amigos. Estou portanto agradecido às novas tecnologias, que mais uma vez nos permitem ir mais longe.
Neste momento, o facto mais relevante na minha cabeça talvez seja mesmo a partida. Parece-me algo inevitável uma vez que nunca tive tanto tempo fora de casa, exceptuando o período de Erasmus em circunstâncias muito distintas. E que grandes experiência são estes períodos. E que coktail de alegria e nostalgia se apodera com a aproximação à data de regresso. Tempo se calhar então para partilhar um pouco este sentimento e relatar (para mim relembrar) alguns momentos vividos. Seria capaz de ficar nisto horas, mas a organização da nossa festa certamente não me deixará ir assim tão longe. Em frente.
Na nostalgia da partida, o viajante é tentado a fazer duas coisas. Primeiro questionar-se sobre o sentido do regresso. Será que acabei o que tinha para fazer no estrangeiro? Será que chegou mesmo o momento do regresso? Será que não posso prolongar um pouco mais estes dias tão felizes da minha vida, que normalmente o são se se tratar de uma pessoa que verdadeiramente gosta de viajar? Será que ainda aguento durante mais tempo a permanente incerteza e novidade de cada dia sem saber o que o amanhã me reserva? Logicamente deparei-me com todas estas questões e para muitas delas não encontrei resposta. Mas subitamente o regresso apresenta-se me no espírito como uma certeza. A certeza de que quero voltar para perto daqueles que gosto e com eles partilhar de forma entusiástica as semanas fantásticas que passei. A certeza de querer voltar a recarregar baterias para me lançar em novos vôos. A certeza de querer dar um sentido à minha vida. E a certeza de que tenho a coragem de deixar para trás aquilo que foi bom e acima de tudo assumir o fim quando ele é inevitável. No entanto, não assumirei esse fim enquanto não rapar o cabelo pela primeira vez. Desafio a que me propus e que me levará do estado aparentemente normal, à figura ridícula que contudo não consigo imaginar.
Por outro lado, o viajante é tentado a avaliar aquilo que leva consigo. Talvez mesmo a quantificá-lo, a racionalizar aquilo que se encontrou a fazer e encontrar o sentido em que isso o poderá ter modificado. É uma tentação humana presente em tantos outros momentos. Uma tentação que está em desacordo com a Natureza. Na natureza as coisas sucedem-se com o único sentido de estarem em equilíbrio. E tentar explicar a viagem para além de ser quase desprovido de sentido, dificilmente alcança a realidade do que esta realmente terá sido. E essa realidade nada mais é do que as alterações intimas das coisas que aconteceram à nossa passagem. Nos outros e acima de tudo em nós. Jamais conseguirei ser exaustivo em relação aquilo que a viagem mudou em mim. Apenas sei que a viagem me completou um pouco mais. Estou mais eu. E conheço melhor esse eu. Mais uma motivo para recomendar a viagem ao estrangeiro, como forma também de viagem ao interior de cada um de nós.
E como explicar a viagem se a viagem foi a permanente surpresa e sequência de imprevistos que eu jamais pude ambicionar a controlar.Conheci muitas pessoas, isso sim. Procurei a maior abertura que o meu espírito me permitiu para conhecer tanto profundamente como é possível conhecer (e no tempo em que é possível conhecer) cada uma destas muitas pessoas. Todas muito diferentes, sem dúvida. Mas foi isso mesmo que me mostrou o que o homem tem na sua essência. No contacto continuo com diferentes pessoas, acaba por se revelar aquilo que a todos nós é comum e é humano. E no entanto, fica ainda a sensibilidade para aquilo que nos distingue a todos e nos torna únicos. Verdadeiramente únicos como pude comprovar. Se é verdade que há gestos, atitudes, características de fundo, feitios que a certa altura conseguimos padronizar, existe, como que por intervenção divina, sempre uma forma de qualquer pessoa nos surpreender. A atenção que cada pessoa merece individualmente talvez venha daí mesmo. De tal forma nunca conhecemos uma pessoa por mais tempo que estejamos com ela, que a nossa atenção e presença plena em cada momento é fundamental. E na viagem as relações são genuínas e o único interesse é ter alguém com quem falar, alguém com quem beber uma cerveja, alguém com quem partilhar aquilo que nós somos. As relações são então tão genuínas, como interessantes. O cariz passageiro do contacto introduz alterações muito interessantes. Leva-nos a não pensar no amanhã e a ser naturais e espontâneos como a paisagem que vimos na companhia dessa pessoa. É assim que estas relações são especiais.Não melhores, mas muito especiais. Procuramos nunca perder essas pessoas de vista nem da nossa memória, mas somos sempre confrontado com as nossas próprias limitações e muitas relações ficaram em fotografias. Outras vezes nem isso.
O que há então para explicar na viagem. Nada mais que contemplar e partilhar cada momento que tenhamos tido a sorte de guardar conosco. E experimentar as mudanças que o tempo que entretanto passou, num cenário diferente, operou em nós. Experimentá-las, partilhá-las, com os outros. E esperar que a viagem nos tenha feito melhores pessoas, pelo que de obra maravilhosa Sua, Deus nos deu a conhecer. Que as pessoas que tenhamos encontrado(viajantes, que somos todos nós) nos tenham feito mais tolerantes. Que aquilo que tivemos oportunidade de fazer, às vezes sem pensar nas consequências, nos tenha feito perceber aquilo que realmente queremos na vida, e assim encarar isso com uma frontalidade serena.
Depois há o reverso da medalha: a nostalgia de não podermos agarrar em nada e levar connosco como matéria. Talvez esta necessidade seja uma manifestação do materialismo humano. Mas esta necessidade existe. Que fazer com aquele pôr do Sol, que vi enquanto escrevia. Que fazer daquela subida ao Cristo Rei, acompanhando a luta da Natureza contra a urbanização. Que fazer daquela pessoa que me fez sentir melhor homem. São momentos que podemos vir a repetir, mas nunca serão iguais. Mas eu quero levar aqueles! Quero levá-los comigo! E no entanto não posso. Não tenho esse direito sobre os momentos. O melhor que consigo serão meia dúzia de fotografias?? Será isso suficiente?? Não só é suficiente como supérfluo! O importante é que a vida não para. Que eu vivi estes momentos e que os transporto comigo. E que desejo viver mais e melhor até um dia que não sei quando chegará. A incerteza, o esquecimento, a fugacidade fazem a vida ser simples como a Natureza e assim a Natureza da vida irá contrariando a nossa tendência para a compreender. Muito havia para dizer mas este comentário, algo filosófico já vai longo.
(Aproveito só para confessar que senti algum receio quando, já um bocado cansado e com algumas maleitas pela estilo de vida que estava a fazer, li no jornal que estavam a morrer pessoas aqui em santa Catarina por terem tomado caldo de cana, sendo que eu tinha bebido isso há pouco tempo. Claro que associei logo os sintomas... No entanto, é provável que não tenha Mal de Chagas...hehe. Pensar na sorte que temos em estar vivos e saber que podemos morrer a qualquer momento de vez em quando faz bem ao espírito).
Termino desejando uma óptima Páscoa para todos os que me lerem. Embora a minha Páscoa tenha sido algo pagã em termos ritualistas (rituais dois quais senti falta), tendo visto novamente o filme Paixão de Cristo, renovei a minha ideia sobre o filme. Sendo consensualmente violento, ele acima de tudo permitiu-me ter uma imagem, que vale por mil palavras (mesmo as bíblicas), daquilo que verdadeiramente foi o seu sofrimento prolongadíssimo e humanamente impossível de suportar, pelo qual passou Cristo. Esse sofrimento deve deixar-nos tudo menos indiferentes á mensagem de Amor que Ele tentou passar. Que de uma forma ou de outra esta Páscoa nos toque a todos.)

domingo, março 27, 2005

 

Nas nuvens a 4200 metros entre a Argentina e o Chile


dvgdfgdgd Posted by Hello

terça-feira, março 15, 2005

 

A capital do Surf


Em poucas palavras e enquanto continuo a perder tempo para tentar colocar fotografias no Blog (sendo que me aproximo cada vez mais da forma de o fazer) queria dar-vos uma ideia do que tem sido a minha estadia em Floripa, de como são as pessoas a terra e ainda aquilo que tenho sentido.
Á chegada e como escrevi com entusiasmo no último Post, deparei com um cenário idílico. Estamos instalados numa casa verdadeiramente de sonho, com vista para a mais bonita das lagoas que alguma vez vi, onde tudo tem funcionado perfeitamente, sendo que me posso considerar com sorte porque estou com 3 cozinheiros credenciados, o que nos tem permitido comer em casa e bem, algo que jamais alcançaria sozinho. Embora ainda estejamos à espera que o senhor Veras, o proprietário da casa, concretize o plano de instalar a Internet lá em casa, já estamos mais próximos de Portugal com a Sic Internacional que sintonizamos via satélite. Assim podemos, numa casa quase só de benfiquistas apreciar as derrotas do Sporting e do Porto, naquele que espero se concretize como o caminho do triunfo Benfiquista!!! SLB...SLB....lalalala.
Por outro lado, a ilha apaixonante pedia para ser explorada, algo que estávamos incapazes de fazer porque estamos longe de tudo e os taxis estavam a tornar-se um peso incomportável. Neste momento, a ansiedade de estar numa ilha fabulosa e não a poder visitar desapareceu com a compra por parte dos meus amigos de um carocha em segunda mão. Começámos hoje por exemplo por ir a uma das 42 praias, esta quase no extremo norte da ilha e tão bonita como deserta. Apenas havia lugar para alguns surfistas que se vão colocando ao longo de toda a ilha na procura da onda perfeita. Espero em breve juntar-me a eles nesta saga.
A nossa vida tem passado muito por ir a praia e sair a noite. As saídas são praticamente diárias (ou mais exactamente nocturnas) e temo-nos divertido bastante, assim como bastante agradados com a simpatia (numa segunda fase) e acima de tudo beleza destas brasileiras, com ascendências alemãs, italianas e portuguesa. Podem imaginar o resultado. Eu estou a comprová-lo. Quem pensar em coisas boas, não se enganou. Temos ido então a uma discoteca diferente cada noite (não são baratas de toda, mas são das nossas poucas despesas) com o intuito de encontrar a melhor para cada dia da semana. Temos sido bem sucedidos.
De resto, e apesar de alguns dias de chuva, o tempo tem sido fantásticos começa a haver muito para fazer neste pequeno paraíso terrestre, que em breve será destruído pela invasão massiva de turistas que se advinha, provocada por pontes aéreas que estão a ser criadas. Esperemos que não...Tenho cada vez mais vontade de alargar o meu período de estadia aqui nesta região do globo, pesem embora as saudades que tenho de todos quantos me são próximos, assim como a necessidade de começar a tratar do meu futuro, começando por procurar um emprego. Vamos ver...
Em relação ao Blog, mantenho a promessa de fotografias, relatos sobre o Rio de Janeiro e ainda algumas alterações, assim como correcções que já estão preparadas em relação aos posts já realizados...Beijinhos e abraços e Hasta la VistaA Enigmática Lança agora espetada em terras brasileiras...

quinta-feira, março 10, 2005

 

Floripa

Encontro me então desde ontem em Florianópolis, capital do distrito de Santa Catarina, no Sul do Brasil. É provável que depois desta sessão intensiva de escrita no Blog não volte a escrever pelo menos tanto, tão cedo. Procurarei contudo fazer breves aparições e acima de tudo afixar algumas fotografias da viagem.
Quanto a Florianópolis não sei nem quanto tempo vou cá ficar, nem se irei a outras cidade enquanto não regresso a Lisboa, o meu destino final. O que posso isso sim dizer é que estou muito bem instalado. Quem sabe bem de mais. Estou em boa companhia (para já somos 4 para a semana 7) num t 6 com piscina a 3 km da praia e a 2 km do centro de um aglomerado mais de férias que propriamente de trabalho. O Centro da cidade propriamente dito está do outro lado da ilha (a oeste). Esta ilha preciosa com cerca de 42 praias nas imediações, será o cenário descontraído onde irei aproveitar cada momento antes de voltar a encarar responsabilidades. Cumprimento todos os que me lerem até nova aparição (sendo que não me esqueci de alguns temas sobres os quais me propus a escrever).
Ah é verdade! E para quem tiver a amabilidade de me querer ligar já tenho numero de telefone brasileiro: +55 48 99414252. Vou estar com o telefone especialmente ao fim da tarde e de manhã, sendo que cá são 3 horas a menos do que em Portugal. Me liga vai...

 

Viajante Versus Turista


São, na minha opinião, duas formas distintas e igualmente válidas de se deslocar a um pais diferente do país de residência. Para deixar claro qual a minha ideia de turista e viajante, diria que já estive nos dois papeis. Quando vou por exemplo durante 15 dias, num programa completo de visita a um determinado pais como foi o caso das visitas que tive a sorte e o prazer de fazer a Moçambique, Brasil, México e Cuba, considero me um turista, que transita de hotel em hotel dentro de transferes particulares ficando com a ideia do pais que o guia turístico quiser mostrar ou que o nosso espírito crítico permitir alcançar. Adorei ser turista porquanto em pouco tempo e de uma forma muito divertida e que me permitiu descansar, conheci países tão distintos do nosso. Quando, por outro lado, reúno numa mochila, que pretendo que seja fácil de transportar, um conjunto de coisas que vou precisar na região do globo para a qual me dirijo, sem saber exactamente em que pontos específicos vou estar nem as respectivas datas, sendo que existe apenas um plano global e acima de tudo o desejo de conhecer profundamente as pessoas, as culturas e a geografia regionais, considero me um viajante como aconteceu, quando sai em Setembro último de Santa Apolónia de comboio com destino a Itália e agora mais recentemente quando parti do Aeroporto de Lisboa com destino a Rio de Janeiro e com escala prevista ( que por sorte acabou não acontecer) em Buenos Aires.

Embora não consiga eleger em termos absolutos nenhumas das duas formas de visitar outro pais, porquanto considero que depende em muito das circunstâncias a verdade é que as duas se revestem de características muito distintas. Quando sou turista procuro normalmente no pouco tempo que estou em cada lugar (uma das diferenças eu diria que é precisamente a disponibilidade de tempo) CONSUMIR o local onde estou tentando extrair do pouco tempo que tenho a maior dose de diversão, conhecimento e de descanso conforme a perspectiva. O viajante tem uma postura mais construtiva e tranquila de PRODUZIR amizade e de se dar mais às pessoas de quem não pode prescindir neste ambiente que lhe é desconhecido. O viajante takes his time, para apreciar a beleza de cada lugar, sendo que normalmente não tem uma hora de partida e outra de chegada. O viajante procura embutir se do espírito do local onde está, tentando encarnar a cultura e forma de estar que lhe permitam confundir se com os locais, num processo de adaptação normal que ocorre quando duas realidades diferentes são postas em contactos. A forma como cada um encara os momentos é algo diferentes. Normalmente o turista vive a viagem de uma forma mais intensa, sendo que o viajante apenas a espaços atinge a novidade. No entanto o segundo digere melhor a realidade com que está em contacto.

A forma como encaramos as outras pessoas é de uma total interdependência. Estamos num ambiente que dificilmente dominamos e por isso mesmo temos de confiar nas outras pessoas mais do que em circunstâncias normais, o que é um grande exercício de aprendizagem, embora demasiado exigente para algumas pessoas. O contacto com todos os que se cruzam no nosso caminho resulta sempre agradável, também porque na ânsia de conhecê-los reduzido tempo que temos para conhecer os outros e na ânsia de de o

Neste momento ganho consciência de que este comentário se poderá estar a tornar algo maçudo pelo que vou deixar por aqui este tema sobre o qual tanto havia a dizer.

Não queria no entanto perder esta oportunidade para aqui fazer então um comentário em jeito de critica á sociedade Portuguesa que elege sistematicamente como forma de conhecer os outros países o turismo sendo que esse facto se reflecte na forma pouco aberta e tolerante com que encaramos , enquanto sociedade, as outras culturas. O português é pouco conhecido no Mundo e conhece pouco do mesmo Mundo ao qual não se dá a conhecer. Talvez encarar determinados períodos da vida como o fim da carreira Universitária ou uma mudança de emprego ou ainda um grande corte com a vida pessoal, sejam também para nós (como para os estrangeiros que tenho conhecido) boas razões para agarrar numa trouxa e fazer se à estrada, sendo que, repito, uma forma de viajar não seja preferível à outra em termos absolutas.

Uma ideia poética que me tem assaltado o espírito é a seguinte: é triste o momento da partida mas feliz o momento da chegada. E é este binómio que me leva de um lugar ao outro da América Latina.
Aproveito para lembrar a minha família em Lisboa e na Madeira que à distância são a razão e a força da minha presença no estrangeiro.

 

Argentina, um destino de emigração Europeia do sec. XX

Argentina

Abandonei ontem a Argentina, mas com a promessa de um regresso, quanto mais não seja porque o regresso a Lisboa terá de ser feito a partir de Buenos Aires. Deixei para trás pessoas muito interessantes, num acto subtil de despedida como se amanhã as fosse encontrar ao cruzar da esquina. Qualquer uma dessas amizades feitas acaba por ser apenas de circunstância, mas não menos importantes por isso. Por todas as razões, adorei o tempo que passei na Argentina onde as pessoas são extremamente civilizadas, simpáticas, correctas, abertas quanto baste e onde as paisagens são deslumbrantes e diversas. Recordo com particular saudade algumas pessoas que conheci e que provavelmente nunca voltarei a encontrar, chegar a cumes de montanhas nos Andes a 4000 metros, voar, as longas viagens de autocarro e especialmente aqueles momentos em que pessoas que não conhecia, no âmbito daquilo que era o seu trabalho, se empenhavam por me fazer sentir em casa num espírito não de subserviência mas numa atitude de servir bem sem ser por isso importante receberem algum tipo de gratificação. Das cerca de 100 h que fiz de camioneta, no total, principalmente de noite e que nunca teria imaginado ser capaz de fazer, acabei por chegar a Floripa num bom estado de conservação, para agora travar conhecimento com estas lindas brasileiras e aproveitar para me por em forma com mais do que grandes caminhadas, quem sabe aprendendo a fazer Surf e/ou Wind Surf. A Argentina é esse país tão heterogéneo quanto grande. A sua superfície em forma esguia consegue percorrer o globo desde um trópico, passando por toda uma zona temperada até se tornar no Pais mais próximo do pólo Sul. É um pais extremamente civilizado, onde se vêm características ocidentais (este país foi povoado por muitos italianos, espanhóis e alemães durante o século XX, pelo que é fácil encontrar pessoas com pais Europeus), principalmente na grande capital Buenos Aires e a sabedoria das culturas indígenas no interior. É um prazer estar na Argentina em todos os sentidos. Economicamente é um país com grandes potencialidades naturais porquanto dispõe de recursos naturais tão valiosos, como o ouro negro, minas apinhadas de minérios, planícies capazes de produzir alimentos em quantidade e qualidade para todo o mundo e ainda potencial turístico. Não obstante, encontramos um país algo deprimido e para nós muito barato. Um táxi de um lado ao outro da cidade custaria no máximo 3 euros. Uma óptima refeição (como aliás foram todas, comi muito bem) custaria à volta de 7 euros, no melhor restaurante. Nos museus nada pagávamos. E assim por diante... As Argentinas? Perguntam-se os meus leitores: por ter estado em Buenos Aires numa altura em que muita gente ainda estava de férias porque o Setembro, deles e mês de arranque é Março e ainda porque fruto do incêndio em que morreram 200 pess0as numa discoteca todas as outras discotecas estavam encerradas (numa atitude tipicamente portuguesa deste povo com tantas semelhanças a nós outros), talvez tenhamos sido levados a pensar que a beleza das Argentinas era um mito. No entanto, à medida que fui viajando e finalmente quando regressei a Buenos Aires deparei com belezas bastante mais agradáveis. Teria dificuldade em descreve-las mas de uma forma muito simplista diria que em Buenos Aires estão as europeias mais elegantes (são todas magrinhas) e no interior estão das indígenas mais interessantes. De tipo claro e louro, preservam um grande gosto pela moda e a boa aparência em Buenos. São simpáticas e no que respeita à maneira de encarar as relações muito parecidas com as Portuguesas. Terminaria então dizendo que a Argetina é um pais no qual vale a pena perder algum tempo, para o conhecer, assim como os vários paises com os quais faz fronteira, dos quais apenas conheci o Uruguay ( que apesar de tudo não tem interesse para ser visto em mais do que 2 dias, como fizemos) e acima de tudo onde adorei ter estado.

segunda-feira, março 07, 2005

 

Mendoza, A capital Argentina do Vinho

Dito isto avanço para o tema proposto, sendo que relego para mais tarde temas como: Rio de Janeiro (que me apaixonou), o viajante e o turista, música (como diria a minha mãe e que apenas agora percebo, a mais imaterial das artes) e culturas entre tantos outros.
Hoje, domingo dia 6 e três dias antes de chegar a Florianópolis (se Deus quiser, porque não querendo preocupar ninguém, a verdade é que os condutores de camionetas são algo passados dos cornos e tenho estado com pessoas envolvidas em acidentes!), estou de partida de Mendoza, que como todas as cidades por onde passei, deixará muitas saudades.
Desde que cá cheguei ainda não parei. Dormi no total talvez 5 h em duas noites, pelo que me preparo para grande arrochanço no autocarro ou colectivo como dizem por aqui. A verdade é que fui apanhar exactamente com o fim de semana da festa do vinho. Mendoza, como capital do vinho, produz 70% do vinho da Argentina e é responsável por 80% das exportações daquele que é o quinto produtor mundial de vinhos. Sendo assim, pode imaginar-se a importância desta festa para os locais. Entre eleição da rainha do vinho e grandes feiras de artesanato a cidade encontrava-se cheia de turistas e de movimento.
Quanto a mim quase nem tive tempo para me inteirar de tudo o que se passava uma vez que me meti em todos os programa que havia no hotel e que tive tempo de fazer. Acabado de chegar meteram me num autocarro que me levou precisamente a ver as adegas de dois importantes produtores de vinho locais. Nada de mais... Depois de uma curta noite de sono, associada ao BBQ da noite anterior e com o despertar vespertino pelas 7 da manha, saímos para as montanhas. Que espanto! Saímos em direcção aos Andes e ao Chile. Subimos por pre-cordilheiras seguidas das cordilheira, por locais espectaculares, como nascentes de água quentes e percorrendo o antigo trajecto do comboio que agora está desactivado. Impressionante mesmo foi chegar, depois de paisagens deslumbrantes à fronteira com Chile a 4000 metros de altura. Lá no alto estavam as bandeiras dos dois países, uma de cada lado dessa linha imaginária criada pelo homem, assim como uma estátua de Cristo cujo lado direito pertence à Argentina e o esquerdo ao Chile. Que vistaço!! Depois do espectáculo da eleição da miss vinho e de uma longa noite de música local e copos na companhia de 5 argentinas tipicamente simpáticas, no hostal estava pronto para ir dormir. É que no dia seguinte ia saltar de uma montanha com uma parapente nas costas. Claro e alguém atrás com conhecimentos para o manejar. Experiência incrível. Parecia que estava suspenso no ar. Bem e estava. As ascensões são incríveis e vê-se a terra como numa fotografia aérea como era de esperar. O movimento do parapente é lento em comparação com a asa delta (imagino) pelo que dá uma sensação de estar mesmo parado no ar. Muito bom. E barato. Como aliás a maior parte das coisas por cá. Eu diria sem exagero que passando para o Euro a maior parte das coisas cá são 2 a 3 vezes mais baratas. Qualquer refeição de qualidade superior (porque na Argentina tenho comido divinamente sem sequer estar a escolher a dedo os restaurantes) custará 5 Euros e dorme-se facilmente pelo mesmo valor. Claro que isto de certa forma implica que eles recebem 3 vezes que nós em Portugal, como tenho verificado. É um facto económico interessante que pretendo analisar mais a frente no Blog. Conheci mais um grupo de 5 Argentinas muito porreiras, assim como estrangeiros a estudar em Córdoba, a 2 a cidade Argentina. Embora a cidade seja menos bonita que Salta e Mendoza, ouvi dizer que tem imensos estudantes e grande espírito. Entretanto encontrei a primeira Portuguesa. É dramático o quão pouco os Portugueses viajam, percebo agora, mas também este aspecto pretendo analisar, na relação entre turistas e viajantes. Era uma tripeira que embora seja também alemã ( dupla nacionalidade) esta em Córdoba a estudar música.
Resta me então despedir, até uma próxima oportunidade, sendo que dentro de umas horas estou dentro de mais um autocarro para ir para Buenos Aires, em estado de inconsciência por causa do cansaço acumulado em Mendoza.Fico contente por saber que o blog está a ter a utilidade de ir mantendo informados os interessados sobre esta minha odisseia, assim como a dar uma ideia sobre como é esta parte do mundo podendo então levar a que a mim, outros se sigam. Fico contente pelos conteúdos estarem agradáveis. Com as fotografias e assim que alguém me explicar como se colocam vai melhorar, seguro.

sexta-feira, março 04, 2005

 

Salta



Bem depois de ter começado ontem a escrever uma crónica sobre Salta que foi com os porcos, quando o computador foi abaixo, insisto em escrever sobre estes dias em Salta evitando ser demasiado pormenorizada para não tornar a coisa aborrecida.
Salta. Cidade do noroeste Argentino, no fim das pampas e no inicio dos Andes. 600.000 Hab com origens indígenas (o que favorece sem dúvida o género feminino). A chegada á cidade deslumbrou-me: quatro ou cinco vales delimitam a planície onde a cidade se insere. Brutal! As pessoas embora tímidas e algo fechadas a princípio revelam simpatiquíssimas e com muito interesse. No hostal Backpackers, que aconselho desde já a quem tiver a oportunidade de ir a Salta, encontrei grande espírito e pessoal muito porreiro. Embora a cidade se veja rapidamente, até porque não tem muitos museus nem monumentos de destaque, vale pelo sítio onde está inserida e acima de tudo pela vivência da cidade. O folclore imagine-se é o Tango da zona (qualquer semelhança é coincidência, mas dançado o folclore tem os estalinhos de dedos). Muito diferente do Tango é a música dos gaúchos e diz muito sobre a zona do país, assim como o fado diz de Portugal. Há toda uma rua de bares e discotecas que se enche para ouvir o folclore e beber umas copas. A excursão que fiz aos Andes e que conto à continuação foi muito divertida e deslumbrante. Tenho pena de não ter lá ficado mais tempo, (até porque já estava a tratar das coisas numa agência de viagens) mas o viajante tem de ter alguma componente de plano na sua aventura de imprevistos. Estou agora em Mendoza, cidade maior, também do interior, onde fico até domingo.

 

A jornada nos Andes

(E não é que o computador onde escrevo hoje acaba de ir abaixo outra vez). A razão pela qual optei por visitar a desconhecida cidade de Salta, devo confessar foi puramente turística. No ano de 1930 foi construída uma linha de comboio com o intuito de ligar a Argentina comercialmente ao Chile e também para transporte dos minérios desde os Andes até à cidade. Hoje em dia é apenas uma das grandes atracões turísticas da Argentina, este trajecto que se pode fazer pelos Andes até cerca de 4500 metros acima do nível do mar.

Embora o comboio apenas reabra em Abril, algo que felizmente só soube quando cheguei a Salta (de outra forma poderia não ter visitado esta cidade fabulosa), existem excursões de autocarro que para além de acompanharem por estrada a linha de comboio durante quase todo seu trajecto, visita ainda povoações e as grandes Salinas de altitude (algo que nunca pensei poder existir). Uma vez que o dia ia ser longo (das 7 da manha as 7 da tarde), queria estar em boa companhia pelo que fui de agência em agência à procura de uma viagem em que me fizesse acompanhar de bonitas raparigas todas elas em biquini. Procurei, paguei e no dia seguinte às 7 da manha quando me chamaram para me juntar à excursão descendo atrasado, quase pensei que a tinha perdido. Quando regressam para me vir buscar, verifico que dentro da pick up da renault estavam 3 reformados. Um italiano decalcado da Bíblia (ainda não sei que personagem era, mas era sem dúvida um personagem bíblico), que estava de tal forma desiludido com a sua vida de reformado que para além do ar desarranjado que pouco me preocupava, tinha adoptado como desporto acumular quantidades incríveis de sebo sobre o corpo, sabendo todos nós de antemão a externalidade, até sobre a saúde de terceiros, que este comportamento acarreta. A acrescentar estava um casal de Suíços com semblante carregado e sério, pelo que somando um guia turístico mudo, estavam criadas as condições para uma bela seca. Percebi enfim que não estava na presença de um conjunto de ninfas em biquini. Não fosse eu ter o meu discman comigo, o passeio ser fabuloso, as nuvens se terem levantado e eu ter começado a imaginar historias com aqueles personagens a viagem não teria sido fabulosa como acabou por ser. Acabámos o dia a fazer o caminho do comboio e a ouvir Amália Rodrigues e Resistência no rádio do carro. Os Suíços foram os que se mostraram mais incomodados como seria de esperar, até porque o Italiano havia sucumbido ao seu próprio odor e dormia. A fotografia de grupo que tiramos com eles visivelmente contrariados será em breve entre outras fotografias uma das atracções deste blog.A somar a tudo isto ainda tivemos que empurrar o carro que atulhou algures nas montanhas. De resto as paisagens e as salinas são impressionantes. Há registo fotográfico embora através de máquina descartável e logo qualidade duvidosa. A ver...Com gosto continuaria a escrever, mas acabo de chegar a Mendoza cidade que certamente merece ser bem vista.

Numa próxima oportunidade, para além de escrever sobre Mendoza pretendo ainda divagar sobre o que separa o turista do viajante e ainda sobre a música e a sua relaçao com os diferentes culturas. Tenho ainda episódios do Brasil e Buenos Aires que vou querer recordar neste Blog.
Até breve Cambada

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