quinta-feira, março 10, 2005

 

Viajante Versus Turista


São, na minha opinião, duas formas distintas e igualmente válidas de se deslocar a um pais diferente do país de residência. Para deixar claro qual a minha ideia de turista e viajante, diria que já estive nos dois papeis. Quando vou por exemplo durante 15 dias, num programa completo de visita a um determinado pais como foi o caso das visitas que tive a sorte e o prazer de fazer a Moçambique, Brasil, México e Cuba, considero me um turista, que transita de hotel em hotel dentro de transferes particulares ficando com a ideia do pais que o guia turístico quiser mostrar ou que o nosso espírito crítico permitir alcançar. Adorei ser turista porquanto em pouco tempo e de uma forma muito divertida e que me permitiu descansar, conheci países tão distintos do nosso. Quando, por outro lado, reúno numa mochila, que pretendo que seja fácil de transportar, um conjunto de coisas que vou precisar na região do globo para a qual me dirijo, sem saber exactamente em que pontos específicos vou estar nem as respectivas datas, sendo que existe apenas um plano global e acima de tudo o desejo de conhecer profundamente as pessoas, as culturas e a geografia regionais, considero me um viajante como aconteceu, quando sai em Setembro último de Santa Apolónia de comboio com destino a Itália e agora mais recentemente quando parti do Aeroporto de Lisboa com destino a Rio de Janeiro e com escala prevista ( que por sorte acabou não acontecer) em Buenos Aires.

Embora não consiga eleger em termos absolutos nenhumas das duas formas de visitar outro pais, porquanto considero que depende em muito das circunstâncias a verdade é que as duas se revestem de características muito distintas. Quando sou turista procuro normalmente no pouco tempo que estou em cada lugar (uma das diferenças eu diria que é precisamente a disponibilidade de tempo) CONSUMIR o local onde estou tentando extrair do pouco tempo que tenho a maior dose de diversão, conhecimento e de descanso conforme a perspectiva. O viajante tem uma postura mais construtiva e tranquila de PRODUZIR amizade e de se dar mais às pessoas de quem não pode prescindir neste ambiente que lhe é desconhecido. O viajante takes his time, para apreciar a beleza de cada lugar, sendo que normalmente não tem uma hora de partida e outra de chegada. O viajante procura embutir se do espírito do local onde está, tentando encarnar a cultura e forma de estar que lhe permitam confundir se com os locais, num processo de adaptação normal que ocorre quando duas realidades diferentes são postas em contactos. A forma como cada um encara os momentos é algo diferentes. Normalmente o turista vive a viagem de uma forma mais intensa, sendo que o viajante apenas a espaços atinge a novidade. No entanto o segundo digere melhor a realidade com que está em contacto.

A forma como encaramos as outras pessoas é de uma total interdependência. Estamos num ambiente que dificilmente dominamos e por isso mesmo temos de confiar nas outras pessoas mais do que em circunstâncias normais, o que é um grande exercício de aprendizagem, embora demasiado exigente para algumas pessoas. O contacto com todos os que se cruzam no nosso caminho resulta sempre agradável, também porque na ânsia de conhecê-los reduzido tempo que temos para conhecer os outros e na ânsia de de o

Neste momento ganho consciência de que este comentário se poderá estar a tornar algo maçudo pelo que vou deixar por aqui este tema sobre o qual tanto havia a dizer.

Não queria no entanto perder esta oportunidade para aqui fazer então um comentário em jeito de critica á sociedade Portuguesa que elege sistematicamente como forma de conhecer os outros países o turismo sendo que esse facto se reflecte na forma pouco aberta e tolerante com que encaramos , enquanto sociedade, as outras culturas. O português é pouco conhecido no Mundo e conhece pouco do mesmo Mundo ao qual não se dá a conhecer. Talvez encarar determinados períodos da vida como o fim da carreira Universitária ou uma mudança de emprego ou ainda um grande corte com a vida pessoal, sejam também para nós (como para os estrangeiros que tenho conhecido) boas razões para agarrar numa trouxa e fazer se à estrada, sendo que, repito, uma forma de viajar não seja preferível à outra em termos absolutas.

Uma ideia poética que me tem assaltado o espírito é a seguinte: é triste o momento da partida mas feliz o momento da chegada. E é este binómio que me leva de um lugar ao outro da América Latina.
Aproveito para lembrar a minha família em Lisboa e na Madeira que à distância são a razão e a força da minha presença no estrangeiro.

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