sexta-feira, março 04, 2005

 

A jornada nos Andes

(E não é que o computador onde escrevo hoje acaba de ir abaixo outra vez). A razão pela qual optei por visitar a desconhecida cidade de Salta, devo confessar foi puramente turística. No ano de 1930 foi construída uma linha de comboio com o intuito de ligar a Argentina comercialmente ao Chile e também para transporte dos minérios desde os Andes até à cidade. Hoje em dia é apenas uma das grandes atracões turísticas da Argentina, este trajecto que se pode fazer pelos Andes até cerca de 4500 metros acima do nível do mar.

Embora o comboio apenas reabra em Abril, algo que felizmente só soube quando cheguei a Salta (de outra forma poderia não ter visitado esta cidade fabulosa), existem excursões de autocarro que para além de acompanharem por estrada a linha de comboio durante quase todo seu trajecto, visita ainda povoações e as grandes Salinas de altitude (algo que nunca pensei poder existir). Uma vez que o dia ia ser longo (das 7 da manha as 7 da tarde), queria estar em boa companhia pelo que fui de agência em agência à procura de uma viagem em que me fizesse acompanhar de bonitas raparigas todas elas em biquini. Procurei, paguei e no dia seguinte às 7 da manha quando me chamaram para me juntar à excursão descendo atrasado, quase pensei que a tinha perdido. Quando regressam para me vir buscar, verifico que dentro da pick up da renault estavam 3 reformados. Um italiano decalcado da Bíblia (ainda não sei que personagem era, mas era sem dúvida um personagem bíblico), que estava de tal forma desiludido com a sua vida de reformado que para além do ar desarranjado que pouco me preocupava, tinha adoptado como desporto acumular quantidades incríveis de sebo sobre o corpo, sabendo todos nós de antemão a externalidade, até sobre a saúde de terceiros, que este comportamento acarreta. A acrescentar estava um casal de Suíços com semblante carregado e sério, pelo que somando um guia turístico mudo, estavam criadas as condições para uma bela seca. Percebi enfim que não estava na presença de um conjunto de ninfas em biquini. Não fosse eu ter o meu discman comigo, o passeio ser fabuloso, as nuvens se terem levantado e eu ter começado a imaginar historias com aqueles personagens a viagem não teria sido fabulosa como acabou por ser. Acabámos o dia a fazer o caminho do comboio e a ouvir Amália Rodrigues e Resistência no rádio do carro. Os Suíços foram os que se mostraram mais incomodados como seria de esperar, até porque o Italiano havia sucumbido ao seu próprio odor e dormia. A fotografia de grupo que tiramos com eles visivelmente contrariados será em breve entre outras fotografias uma das atracções deste blog.A somar a tudo isto ainda tivemos que empurrar o carro que atulhou algures nas montanhas. De resto as paisagens e as salinas são impressionantes. Há registo fotográfico embora através de máquina descartável e logo qualidade duvidosa. A ver...Com gosto continuaria a escrever, mas acabo de chegar a Mendoza cidade que certamente merece ser bem vista.

Numa próxima oportunidade, para além de escrever sobre Mendoza pretendo ainda divagar sobre o que separa o turista do viajante e ainda sobre a música e a sua relaçao com os diferentes culturas. Tenho ainda episódios do Brasil e Buenos Aires que vou querer recordar neste Blog.
Até breve Cambada

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